O papel da regulação emocional na perceção e nos processos de sensibilização central da dor
Oliveira, Mariana Santos Castro
Tese
Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica e Psicoterapia de Adultos
A experiência subjetiva de dor é mediada por diferenças individuais. Em particular, a relação
entre a dor e a regulação emocional tem sido explorada em indivíduos saudáveis e com condições de
dor crónica. De facto, indivíduos com melhor capacidade de regulação emocional parecem experienciar
menos dor. A regulação emocional é caracterizada pela capacidade de experienciar, diferenciar e
modelar estados emocionais, dependendo da capacidade do indivíduo para ajustar o seu padrão de
ativação fisiológica. O principal objetivo deste estudo foi compreender o papel da regulação emocional
no processamento de estimulação nociceptiva e na modulação de processos de sensibilização central.
35 participantes realizaram um paradigma de hiperalgesia secundária. Recolheram-se medidas
psicofisiológicas (eletroencefalograma e atividade cardíaca) e comportamentais. A regulação emocional
foi avaliada através de 3 dimensões: a variabilidade da frequência cardíaca (índice psicofisiológico de
flexibilidade), a sensibilidade interoceptiva (medida bottom-up) e o traço de personalidade neuroticismo
(medida de predisposição para instabilidade emocional). A dor foi avaliada tendo em conta o
autorrelato dos participantes e os potenciais evocados. Contrariamente ao que foi hipotetizado, não se
encontrou qualquer relação entre as dimensões de regulação emocional e de dor. Estes resultados
refletem a complexidade destes construtos e sugerem a necessidade de se considerarem outras
variáveis.
The subjective experience of pain is mediated by individual differences. Particularly, the
relationship between pain and emotional regulation has been explored in healthy individuals and in
chronic pain conditions. In fact, individuals with a better emotional regulation appear to experience less
pain. Emotional regulation is characterized by the ability to experience, differentiate and model
emotional states, and depends on the capacity of individuals to adjust their physiological activation
pattern. The main goal of this study was to understand the role of emotional regulation in the
processing of nociceptive stimulation and in modulating processes related to central sensitization of
pain. 35 participants performed a paradigm of secondary hyperalgesia. Simultaneous acquisition of
psychophysiological (electroencephalographic and cardiac activity) and behavioral measures took place.
Emotional regulation was assessed through 3 indicators: heart rate variability (a psychophysiological
index of flexibility), interoceptive sensibility (a bottom-up measure) and the personality trait neuroticism
(a measure of predisposition to emotional instability). Pain was assessed through the participants’ self report and the evoked potentials. Contrary to our hypotheses, no relation was found between the
measures of emotional regulation and pain. These results reflect the complexity of these constructs and
suggest the need to take into account other variables.