Acontecimentos traumáticos, internalização e externalização: o papel mediador da vinculação em jovens institucionalizados
Marques, Tânia Alves
Thesis
Dissertação de mestrado em Psicologia da Justiça
Entre as 14.139 situações de perigo reportadas em Portugal, 8597 crianças e jovens foram identificados,
permanecendo 6347 em acolhimento. O historial de acontecimentos potencialmente traumáticos
desencadeia sequelas físicas e/ou psicológicas (e.g. problemas de externalização e internalização). A
vinculação insegura pode considerar-se um fator adaptativo face às experiências adversas cumulativas
ou um fator de risco, com a respetiva influência na intensidade dos comportamentos de internalização e
externalização. O principal objetivo deste estudo foi avaliar o papel mediador da vinculação (ansiosa e
evitante), na relação entre acontecimentos potencialmente traumáticos e comportamentos de
internalização e externalização em jovens institucionalizados. Aplicou-se uma metodologia quantitativa
transversal, através de questionários de auto-relato, a uma amostra de 103 jovens institucionalizados,
entre os 12 e os 17 anos. Os resultados revelam que os jovens experienciaram uma média de 7.39 (DP
= 2.79) acontecimentos potencialmente traumáticos. Ademais, a vinculação evitante à figura materna
apresenta-se como mediador parcial na relação entre o total de acontecimentos traumáticos e os
comportamentos de internalização. O presente estudo possibilita uma melhor compreensão sobre a
exposição potencialmente traumática dos jovens institucionalizados, bem como reforça a necessidade
de estudos contínuos para aprimorar as intervenções remediativas, como possibilitar intervenções
primárias (i.e. preventivas) nesta população.
From 14,139 situations of danger reported in Portugal, 8597 children and young people were identified,
with 6347 remaining in foster care. A historical of potentially traumatic events triggers physical and
psychological consequences (e.g. externalisation and internalisation problems). Insecure attachment can
be considered an adaptive factor in the context of cumulative adverse experiences or a risk factor, with
influence on the intensity of internalising and externalising problems. The main objetive of this study was
to analyse the mediating role of attachment (anxious and avoidant) in the relationship between potentially
traumatic events and internalising and externalising problems in institutionalised young people. A cross sectional quantitative methodology was applied, using self-report questionnaires, to a sample of 103
institutionalised young people aged between 12 and 17. The results show that the young people
experienced a mean of 7.39 (SD = 2.79) potentially traumatic events. In addition, avoidant attachment
to the maternal figure was found to be a partial mediator in the relationship between the total number of
traumatic events and internalising problems. This study provides a better understanding of the potentially
traumatic exposure of institutionalised young people, as well as reinforcing the need for ongoing studies
to improve preventive and remedial interventions in this population.