Passar para o conteúdo principal

Innovative moments and narrative change in emotion-focused therapy and client-centered therapy

Innovative moments and narrative change in emotion-focused therapy and client-centered therapy

Mendes, Inês

| 2011 | URI

Tese

Tese de doutoramento em Psicologia (área de conhecimento em Psicologia Clínica)
Os Momentos de Inovação (ou MIs) constituem novidades narrativas que representam
uma nova forma de pensar, sentir ou agir que representam experiências não congruentes
com a narrativa problemática (Gonçalves, Matos, & Santos, 2009; Gonçalves, Ribeiro,
Matos, Santos, & Mendes, 2010). O conceito de MIs, surgido inicialmente no contexto da
terapia narrativa (TN; White & Epston, 1990), foi desenvolvido por Gonçalves e
colaboradores (2009) num estudo que permitiu a distinção de cinco tipos – acção, reflexão,
protesto, reconceptualização e desempenho da mudança. Posteriormente, o
desenvolvimento do Sistema de Codificação dos Momentos de Inovação (SCMI;
Gonçalves, Ribeiro, et al., 2010), veio permitir a identificação destas novidades narrativas
em psicoterapia. Numa fase inicial, este sistema de codificação foi utilizado num estudo
com dez mulheres vítimas de violência na intimidade, seguidas em TN (Matos, Santos,
Gonçalves, & Martins, 2009). A análise de dois grupos terapêuticos contrastantes - um com
sucesso e outro com insucesso terapêutico - demonstraram uma elevada presença de MIs no
grupo com sucesso terapêutico, particularmente de MIs de reconceptualização e
desempenho da mudança. O grupo com insucesso terapêutico apresentou menor presença de
MIs, sendo caracterizado fundamentalmente por MIs de acção, reflexão e protesto. Com
base nos resultados deste primeiro estudo com o SCMI, foi proposto um modelo de
mudança narrativa caracterizado pela emergência de MIs de acção, reflexão e protesto numa
fase inicial da terapia, seguido pela emergência de MIs de reconceptualização e
desempenho da mudança durante a fase intermédia e revelando uma tendência crescente
destes MIs até ao final da terapia (Matos et al., 2009).
A presente dissertação surge da necessidade de expandir a investigação em torno do
SCMI a diferentes modelos terapêuticos e diferentes problemáticas. Deste modo, um dos
objectivos principais deste trabalho consiste em perceber se o SCMI se constitui um método
adequado para identificar novidades narrativas em modalidades psicoterapêuticas distintas
do modelo original. Assim, primeiramente, aplicamos o SCMI a um caso de sucesso terapêutico em terapia focada em emoções (TFE) e percebemos que, para além do SCMI ser
aplicável a um modelo terapêutico e a uma problemática distintos, também o padrão
desenvolvimental dos MIs é semelhante ao encontrado no grupo com sucesso terapêutico da
TN.
Os dois estudos seguintes da presente dissertação envolvem a análise de duas amostras
clínicas, uma de TFE e outra de terapia centrada no cliente (TCC). Globalmente, foram
seguidos os propósitos do primeiro estudo: 1) a aplicação do SCMI a modalidades
terapêuticas distintas da TN; e 2) o estudo do padrão desenvolvimental dos MIs nos grupos
contrastantes de sucesso e insucesso terapêutico. Na generalidade, os principais resultados
destes estudos evidenciam a existência de valores significativamente superiores de MIs nos
grupos de sucesso terapêutico quando comparados com os grupos com insucesso
terapêutico. Em particular, os MIs de reconceptualização e desempenho da mudança
distinguem os dois grupos terapêuticos, sendo quase inexistente nos grupos com insucesso.
Estes resultados são semelhantes aos encontrados com a TN e, por isso, vêm fornecer um
maior apoio empírico ao SCMI, apresentando-o como um método adequado para identificar
MIs em diversas modalidades psicoterapêuticas. Simultaneamente, estes resultados também
apoiam o modelo narrativo de mudança, que realça o importante papel dos MIs de
reconceptualização e desempenho da mudança numa evolução bem-sucedida do processo
terapêutico.
O quarto e último estudo que compõe esta dissertação compreende um
desenvolvimento progressivo do SCMI. A amostra de TFE foi analisada segundo os
subtipos (I e II) de MIs de reflexão e protesto que surgem no primeiro capítulo. Neste
estudo, verifica-se que os MIs de reflexão subtipo II, e os MIs de protesto subtipo II
apresentam-se de forma significativamente mais elevada no grupo de sucesso terapêutico,
conduzindo à hipótese de se constituírem como promotores de MIs de reconceptualização
Innovative moments (or IMs) are narrative novelties that constitute a different way
of thinking, feeling and behaving from the problematic self-narrative (Gonçalves,
Matos, & Santos, 2009; Gonçalves, Ribeiro, Matos, Santos, & Mendes, 2010). The
concept of IMs emerged within the narrative framework (White & Epston, 1990).
Gonçalves and colleagues (2009) developed a study in which they distinguished five
different types of IMs – action, reflection, protest, re-conceptualization and performing
change and developed the Innovative Moments Coding System (IMCS; Gonçalves,
Ribeiro, et al., 2010), to be able to identify these narrative novelties in psychotherapy.
This methodological tool was applied to ten cases of women of intimate violence
followed in narrative therapy (NT; Matos, Santos, Gonçalves, & Martins, 2009). The
analysis with the IMCS showed a higher presence of IMs in the good outcome group
and also a higher proportion of two specific IMs types – re-conceptualization and
performing change. The poor outcome group presented lower IMs, being action,
reflection and protest the main IMs types present in this group. Based on the findings of
this study the authors proposed a heuristic model of narrative change characterized by
action, reflection and protest IMs in the beginning of therapy and by the emergence of
re-conceptualization IMs during the middle phase with an increasing trend towards
termination (Matos et al., 2009). Performing change IMs emerge, also during the
intermediate stage and increases until the end of therapy.
This dissertation emerges from the need of following the analyses with the IMCS in
different therapeutic modalities and different clinical problematic. One of our main
purposes is to find if the IMCS can constitute a reliable tool to track narrative novelties in psychotherapy. Specially, if we consider that this coding system was developed
within NT and we could only hypothesize its applicability to therapeutic models that
don’t consider the exceptions to the problem to be their goal. Firstly, we applied the
IMCS to a good outcome case of emotion-focused therapy (EFT) and found that besides
the reliable applicability of the IMCs to a different therapeutic model and to a different
clinical problematic, also the developmental pattern of IMs was similar to the one found
in the good outcome group of NT.
The two following studies in this dissertation involved the analysis of two clinical
samples of humanistic based therapies, one EFT and one client-centered therapy (CCT).
Globally we pursued the same purposes of the first study – 1) the applicability of the
IMCS; and the developmental pattern of IMs in good outcome group and poor outcome
group. The main findings of these analyses consisted in the higher presence of IMs in
the good outcome group when compared with the poor outcome group. Reconceptualization
and performing change IMs distinguished the two outcome groups
being almost absent in the poor outcome group. These results are similar to the ones
found in the NT sample supporting the IMCS as a reliable methodological tool to
identify IMs in psychotherapy and also the narrative model of change, highlighting the
role of re-conceptualization and performing change in successful psychotherapy.
The fourth and last study that composes this dissertation regards the further
development of the IMCS. The EFT sample was analyzed according to reflection and
protest IMs subtypes (I and II) that emerged in the first chapter. The subtypes II of both
reflection and protest IMs were significantly higher in the good outcome group leading to hypothesize their possible role as promoters of re-conceptualization IMs.
Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) - SFRH/BD/29804/2006.

Publicação

Ano de Publicação: 2011