O impacto dos horários de trabalho das mães no relacionamento com os/as filhos/as: perspetivas mútuas
Lagarteira, Joana Filipa Lopes
Tese
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia
A literatura tem mostrado que o trabalho por turnos apresenta consequências negativas para a
vida familiar dos/as trabalhadoras/as, nomeadamente ao nível do relacionamento com os/as filhos/as.
Contudo, a investigação tem privilegiado a perspetiva dos/as trabalhadoras/as, sendo recomendada a
inclusão da perspetiva de terceiros. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar o impacto dos
horários de trabalho (horário em turnos rotativos versus horário normal) no relacionamento entre mães
e respetivos/as filhos/as adolescentes, segundo a perspetiva de ambos. O estudo incluiu 140
participantes (70 mães: 35 trabalhadoras diurnas e 35 trabalhadoras por turnos; 35 filhos/as
respetivos/as), que responderam a um questionário. Os resultados sugeriram que as trabalhadoras
diurnas relatam maior satisfação com o envolvimento nas atividades diárias dos/as filhos/as do que as
trabalhadoras por turnos. Adicionalmente, verificou-se que os/as filhos/as de trabalhadoras por turnos
percecionam a comunicação com as suas mães como mais eficiente do que os/as filhos/as de
trabalhadoras diurnas. Análises complementares indicaram ainda que, comparativamente às
trabalhadoras diurnas e respetivos/as filhos/as, as trabalhadoras por turnos e os/as seus/suas filhos/as
apontam mais frequentemente um contacto diário insuficiente e que outros horários de trabalho iriam
melhorar o envolvimento da mãe nas atividades diárias do/a filho/a.
The literature has shown that shift work has negative consequences for workers' family lives,
particularly in terms of their relationship with their children. However, research has privileged the
perspective of workers, such that the inclusion of the perspective of third parties is recommended. Thus,
the present study aimed to analyse the impact of working schedules (rotating shifts versus standard
schedules) on the relationship between mothers and their adolescent children, from the perspective of
both. The study included 140 participants (70 mothers: 35 daytime workers and 35 shift workers; 35
respective children), who responded to a questionnaire. The results suggested that daytime workers report
greater satisfaction in terms of involvement in their children's daily activities than shift workers.
Additionally, it was found that the children of shift workers perceive communication with their mothers as
more efficient than the children of daytime workers. Complementary analysis also indicated that,
compared to daytime workers and their children, shift workers and their children more often indicate
insufficient daily contact and that other working schedules would improve the mother’s involvement in
the child's daily activities.