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Violência obstétrica em Cabo Verde: prevalência, formas de abuso e impacto

Violência obstétrica em Cabo Verde: prevalência, formas de abuso e impacto

Rocha, Melissa Suriane Lopes Vaz

| 2024 | URI

Tese

Dissertação de mestrado em Psicologia da Justiça
A atenção cada vez mais evidente à violência obstétrica reflete uma crescente
preocupação global com os direitos e a dignidade das mulheres durante a gravidez e o
parto. A escassez de estudos sobre a violência obstétrica em Cabo Verde destaca a
necessidade urgente de pesquisas detalhadas para compreender a extensão e as
dinâmicas desse problema no contexto local. Este estudo tem como objetivo estimar a
prevalência, identificar as formas de abuso relatadas e o impacto na saúde mental das
mulheres, nomeadamente depressão pós-parto. Com recurso a uma metodologia
quantitativa, e a um questionário online, este estudo envolveu 303 mulheres que
residiam em Cabo Verde, com uma média de idade de 30 anos (DP = 7.53). Os resultados
mostram uma prevalência de Violência Obstétrica de 61.1%, com as mulheres a relatar
uma diversidade de comportamentos abusivos, incluindo o uso inadequado de
procedimentos, violência psicológica e negligência. Foi encontrada uma correlação
positiva e significativa entre violência obstétrica e sintomas de depressão pós-parto.
Adicionalmente, foi possível concluir que um número considerável de mulheres em
Cabo Verde apresenta perceções desajustadas em relação a algumas práticas
consideradas pela Organização Mundial de Saúde como violência obstétrica. Estes
resultados destacam a urgência de intervenções para proteger os direitos e a saúde da
mulher durante a gravidez, parto e pós-parto, bem como a necessidade contínua de
esforços de sensibilização, educação pública e formação dos profissionais de saúde.
The increasing attention to obstetric violence reflects a growing global concern for the
rights and dignity of women during pregnancy and childbirth. The scarcity of studies on
obstetric violence in Cape Verde highlights the urgent need for detailed research to
understand the extent and dynamics of this problem in the local context. This study aims
to estimate the prevalence, identify reported forms of abuse, and assess the impact on
women's mental health, particularly postpartum depression. Using a quantitative
methodology and an online questionnaire, this study involved 303 women residing in
Cape Verde, with an average age of 30 years (SD = 7.53). The results show a prevalence
of obstetric violence of 61.1%, with women reporting a variety of abusive behaviors,
including inappropriate use of procedures, psychological violence, and neglect. A
significant and positive correlation was found between obstetric violence and symptoms
of postpartum depression. Additionally, it was concluded that a considerable number of
women in Cape Verde have misconceptions about some practices considered by the
World Health Organization as obstetric violence. These results highlight the urgency of
interventions to protect women's rights and health during pregnancy, childbirth, and
the postpartum period, as well as the ongoing need for awareness efforts, public
education, and training of healthcare professionals.

Publicação

Ano de Publicação: 2024

Identificadores

ISSN: 203699343