A experiência subjetiva e o funcionamento cardiovascular em contexto de vida diária: contributos para o estudo do funcionamento ótimo
Parreira, Marta Filipa Gamito
Tese
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia Clínica)
O interesse pelos estados afetivos positivos sempre alimentou a curiosidade científica, tendo
sido renovado pelo surgimento do domínio da Psicologia Positiva e pela ênfase nas potencialidades e
forças do indivíduo. No entanto, a investigação neste domínio é ainda incipiente, ainda mais quando a
este se associam correlatos fisiológicos.
A literatura científica tem demonstrado a importância do funcionamento cardiovascular ao
nível das emoções, apontando uma tendência para documentar que os estados psicológicos positivos
são moderadores importantes da resposta cardiovascular. Assim, a presente investigação foi
desenvolvida com o intuito de caracterizar a relação existente entre os correlatos cardiovasculares e a
flutuação da experiência em contexto de vida diária, tentando perceber de que modo as experiências
subjetivas, atividades e afeto dos indivíduos se espelham no funcionamento psicofisiológico. Deste
modo, examinar a relação entre variáveis positivas e a atividade cardiovascular poderá representar um
passo importante na identificação dos correlatos fisiológicos subjacentes ao funcionamento ótimo,
demonstrando que é possível obter um conhecimento sobre os indicadores cardiovasculares
relacionados com o bem-estar.
Para a concretização deste objetivo, procedeu-se ao recrutamento de uma amostra de 44
estudantes universitárias, com uma média de idades de 19,4 (DP=2), que utilizaram uma metodologia
em tempo real - Experience Sampling Method (ESM) - durante seis dias, concomitantemente com o
mapeamento ambulatório dos substratos cardíacos de frequência cardíaca e pressão arterial por um
período de três dias.
Foram realizadas Análises Multivariadas de Variância para Medidas Repetidas e os resultados
foram apresentados mediante as questões de investigação previamente definidas. Foi possível
averiguar a existência de diferenças estatisticamente significativas ao nível do funcionamento
cardiovascular tendo em conta diferentes experiências subjetivas e diferentes atividades, não tendo
sido encontradas diferenças estatisticamente significativas no funcionamento cardiovascular ao nível
da valência afetiva.
The interest in positive affective states always fueled scientific curiosity, having been renewed
by the emergence of the field of Positive Psychology and the emphasis on the individual capabilities
and strengths. However, research in this field is still in its start, further when it’s associated with
physiological correlates.
The scientific literature has been demonstrated the importance of cardiovascular functioning at
the emotional system, showing a tendency to document that the positive psychological states are
important moderators of the cardiovascular response. Thus, this research was developed with the aim
of characterizing the relationship between cardiovascular function and related fluctuation experience
in the context of daily life, trying to understand how the subjective experiences, activities and mood of
individuals are passed to psychophysiological states. Therefore, to examine the relationship between
positive variables and cardiovascular activity may represent an important step in identifying the
underlying physiological correlates of optimal functioning, demonstrating that it is possible to obtain
an understanding of the indicators related to cardiovascular wellness.
To achieve this goal, we recruited a sample of 44 university students, with a mean age of 19.4
(SD = 2), who used a methodology in real time - Experience Sampling Method (ESM) - for six days,
concomitantly with the mapping of ambulatory Heart Rate and Blood Pressure for three days.
Were performed Multivariate Analyzes of Variance for Repeated Measures and the results
were presented by the research questions previously defined. It was possible to determine statistically
significant differences at the level of cardiovascular function taking into account different subjective
experiences and different activities, with no statistically significant differences in cardiovascular
function considering the affective valence.