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Regulação emocional e atitudes alimentares em estudantes universitários: um estudo na Universidade dos Açores

Regulação emocional e atitudes alimentares em estudantes universitários: um estudo na Universidade dos Açores

Resendes, Hugo Filipe Rodrigues

| 2012 | URI

Tese

Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia Clínica)
A incidência das Perturbações do Comportamento Alimentar tem aumentado nas últimas
décadas e apresenta uma grande discrepância entre sexos, já que são raras nos indivíduos do sexo
masculino mas uma das condições de saúde mais comuns nas adolescentes. São ainda escassos os
dados acerca das perturbações alimentares na Região Autónoma dos Açores.
Para além de o afeto negativo constituir um dos precursores mais frequentes, alguns contextos
têm sido ligados a um aumento do risco do desenvolvimento de uma perturbação alimentar,
nomeadamente a universidade. Um dos possíveis motivos subjacentes poderá ser a perpetuação das
condutas alimentares já estabelecidas.
Quando comparando com os homens, as mulheres são o sexo mais emocional pois tendem a
exprimir e a preocupar-se mais com as emoções. Por sua vez, os homens tendem a evitar e a suprimir a
expressão emocional. Também na regulação emocional, que consiste nos esforços do indivíduo em
modificar a sua experiência e expressão emocional, as mulheres indicam a utilização de um maior
número de estratégias.
O sofrimento emocional tem sido ligado a dificuldades na autorregulação, sendo que as
emoções negativas podem aumentar a ingestão compulsiva de alimentos. Concomitantemente, os
indivíduos com perturbações alimentares tendem a ter dificuldades em distinguir e descrever as suas
emoções, bem como em lidar com estas últimas. Como consequência, e por exemplo, os episódios de
ingestão alimentar compulsiva e posteriores métodos compensatórios podem ser utilizados para
regular as emoções.
Este estudo tem por objetivo averiguar a influência da regulação emocional nas atitudes
alimentares de estudantes que frequentam a Universidade dos Açores, sendo que participaram 292
sujeitos, nomeadamente 239 do sexo feminino e 53 do sexo masculino. Em termos de instrumentos,
foram utilizados um questionário sociodemográfico, a Escala de Dificuldades de Regulação
Emocional e o Teste de Atitudes Alimentares-25. Todos os estudantes foram motivados a participar
mediante as contas de correio eletrónico fornecidas pela instituição de ensino supramencionada.
Em termos de resultados, não foram encontradas diferenças significativas entre os estudantes
de ambos os sexos nem nas atitudes alimentares nem na regulação emocional. A mesma ausência de
diferenças foi verificada nas subescalas da Escala de Dificuldades de Regulação Emocional e do Teste
de Atitudes Alimentares-25. Contudo, foi encontrada uma associação positiva entre a desregulação
emocional e as atitudes alimentares patológicas.
Finalmente, uma das principais limitações deste estudo prende-se com a reduzida participação
de estudantes do sexo masculino que impediu a elaboração de resultados mais acurados.
The incidence of eating disorders has been on the rise over the last decades and presents a
large discrepancy between genders, since they are rare in males but one of the most common health
conditions in adolescent girls. Data about eating disorders is still scarce in Azores.
In addition of negative affect being one of the most frequent precursors, some contexts have
been linked to an increased risk of developing an eating disorder, namely college. One of the possible
underlying reasons may be the perpetuation of previously established eating behaviors.
When compared to men, women are the most emotional gender because they tend to express
and preoccupy more with emotions. On the other hand, men tend to avoid and suppress emotion
expression. Also in emotion regulation, which consists of the efforts made by the individual to modify
his emotional experience and expression, women report a greater use of strategies.
Emotional distress has been linked to self-regulation difficulties, whereby negative emotions
may increase impulsive ingestion of food. Concomitantly, individuals with eating disorders tend to
have difficulties in distinguishing and describing emotions, as well in managing them. As a
consequence, and for example, compulsive eating episodes e subsequent compensatory methods may
be used to regulate emotions.
The purpose of this study is to investigate the influence of emotion regulation on the eating
attitudes of students attending University of Azores. Two hundred and ninety two subjects
participated, namely 239 females and 53 males. In terms of assessment, a sociodemographic
questionnaire and the Portuguese versions of the Difficulties in Emotion Regulation Scale and Eating
Attitudes Test-26 were used. All students were encouraged to participate through their institutional email
accounts.
In terms of results, no significant differences were found between students of both genders
neither in the eating attitudes nor in the emotion regulation. The same absence of differences was
found in all subscales of the Portuguese versions of the Difficulties in Emotion Regulation Scale and
of the Eating Attitudes Test-25. However, a positive association between emotional deregulation and
disordered eating attitudes was found.
Finally, one of the major limitations of this study concerns the low participation of male
students that prevented the elaboration of more accurate results.

Publicação

Ano de Publicação: 2012