Experiências literácitas na educação pré-escolar e desempenho na leitura no 1.º e 2.º anos de escolaridade
Pinto, Patrícia Alexandra Braga
Thesis
Tese de doutoramento em Psicologia (área de
especialização em Psicologia da Educação)
O debate em torno dos modelos organizacionais dos jardins-de-infância e a
eventual antecipação das aprendizagens escolares tem ganho progressivamente
visibilidade e relevância social. Neste estudo analisou-se o desempenho (ao longo dos
dois primeiros anos de escolaridade), em diversas tarefas de leitura, de alunos que
frequentaram três jardins-de-infância com modelos educativos diferenciados de
abordagem à leitura e à escrita. No estudo participaram 70 crianças que iniciaram o 1.º
ano de escolaridade no ano lectivo 2009/10 e que na educação pré-escolar frequentaram
três instituições com abordagens específicas e diferenciadas relativamente à leitura e à
escrita. Foi efectuado um estudo com quatro medidas repetidas no tempo e foram
realizadas análises de regressão linear múltipla, no sentido de perceber a influência das
experiências do jardim-de-infância na aprendizagem formal da leitura.
Os resultados sugerem que a abordagem específica à leitura e à escrita que
ocorre na educação pré-escolar influencia o desempenho na descodificação e fluência
leitora nos dois primeiros anos de escolaridade. Contudo essa influência parece esbaterse
com o tempo. Por outro lado verificou-se – o que é particularmente relevante – que
sujeitos que receberam instrução directa da leitura em idade pré-escolar obtêm
resultados significativamente superiores em tarefas fonológicas do que sujeitos que
receberam treino fonológico prolongado.
The debate regarding the organizational models of kindergartens and the
eventual anticipation of academic subjects (e. g. reading), has received increasing
attention and social visibility. This study analyses the performance in several reading
tasks, (in 1st and 2nd grades) of students who attended three different kindergartens -
each with a different educational model regarding reading and writing. Participants are
70 children that attended first grade in 2009/10. These children came from three
kindergartens with unique approaches to reading and writing. A four repeated measures
study was conducted and a multiple linear regression analysis was performed to study
the influence of kindergarten experiences in reading measures.
Results suggest that the approach towards reading and writing during
kindergarten does in fact influence children’s performance in both decoding and reading
fluency in the first two years of elementary school. This influence, however, seems to
fade over time. Most importantly results show that children who received formal
reading teaching in kindergarten, perform significantly better in phonological tasks than children who received direct and extended phonological training.