Aceitação social pelos pares no início da idade pré-escolar: estudo da sua estabilidade temporal e da sua relação com o temperamento
Pereira, Margarida Marta Nunes Marques
Thesis
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia Clínica)
A aceitação social pelos pares torna-se, na idade pré-escolar, num importante fenómeno
desenvolvimental, na medida em que as crianças vão adquirindo consciência do seu estatuto dentro do
grupo de pares. Porém, não é certo que tal aconteça em crianças mais novas, que se encontram no
início da idade pré-escolar, mais concretamente nos grupos etários dos três e quatro anos. De facto,
não existe fundamentação empírica para a existência de estabilidade temporal ao nível da aceitação
social nesta idade. Os processos de aceitação ou rejeição estão, frequentemente, associados a
características temperamentais de cada criança, podendo assim, o temperamento influenciar o grau de
aceitação social. A presente investigação teve dois objetivos primordiais, encontrando-se, por isso,
dividida em dois estudos empíricos. O Estudo Empírico 1 pretende explorar a questão metodológica
da estabilidade temporal ao nível da aceitação social, no início da idade pré-escolar. O Estudo
Empírico 2 tem como objetivo analisar qual o papel do temperamento na aceitação social pelos pares.
Para a realização desta investigação foram avaliadas 43 crianças, com uma média de idades de 47.74
meses (DP = 4.07). No Estudo Empírico 1, a aceitação social das crianças foi avaliada pelos seus
pares, em dois momentos temporais com um intervalo de duas semanas. Os resultados deste estudo
revelaram correlações positivas significativas entre a aceitação social nos dois momentos, pelo que se
pode concluir pela sua estabilidade temporal, em ambos os grupos etários estudados. Relativamente ao
Estudo Empírico 2, o temperamento das crianças foi avaliado pelos pais e educadores. Na perspetiva
dos pais, não se verificam associações entre a aceitação social e a extroversão, controlo por esforço e
afetividade negativa. Por outro lado, na perspetiva do educador, verificam-se correlações positivas
significativas entre os três fatores de temperamento estudados – extroversão, controlo por esforço e
afetividade negativa – e a aceitação social.
Social acceptance in preschool years is an important phenomenon in development, as children
acquire knowledge of their status on the peer group. However, it is not assured that this happens in
younger children, who are in the beginning of preschool age, i.e., three and four-year-olds. Acceptance
or rejection processes are often related with temperamental characteristics of each child. This research
had two major objectives and is, therefore, divided in two studies. The first empirical study aims to
explore temporal stability on social acceptance, in children in the beginning of preschool age. Then,
the second empirical study investigates the role of temperament in social acceptance between peers.
Forty three children with a mean age of 47.74 months were assessed (SD = 4.07). In order to achieve
the goal of the first study, children were assessed in terms of social acceptance in two moments, by
their peers, with an interval of two weeks. The results of this study revealed the existence of
significant positive correlations between the nomeations of two moments, so that it can conclude for
social acceptance temporal stability. In the second study, children’s temperament was evaluated by
parents and preschool teachers. On the parents´ view, does not exist correlations between social
acceptance and extraversion, effortful control and negative affectivity. On the other hand, on the
preschool teachers’ perspective, there are positive correlations between social acceptance and
extraversion, social acceptance with effortful control and social acceptance with negative affectivity.