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Relação entre experiências adversas na infância e saúde mental em homens presos por diferentes tipos de crime

Relação entre experiências adversas na infância e saúde mental em homens presos por diferentes tipos de crime

Vital, Paula Catarina Melim

| 2024 | URI

Thesis

Dissertação de mestrado em Psicologia da Justiça
A adversidade ao longo da vida e as suas implicações têm sido amplamente estudadas no
campo da Psicologia, devido ao seu impacto significativo no desenvolvimento e comportamento
dos indivíduos. As experiências adversas, especialmente durante a infância, constituem fatores de
risco para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, para a vitimação contínua e
desenvolvimento de trajetórias criminais. Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre
adversidade na infância e sintomatologia traumática em homens presos por crimes de diversas
tipologias (e.g., violência doméstica, violência sexual). A amostra consiste em 101 ofensores a
cumprir pena em estabelecimentos prisionais, predominantemente de nacionalidade portuguesa
(97%), com uma idade média de 45 anos (M = 45.04, DP = 11.45). Os dados foram recolhidos
presencialmente nos estabelecimentos prisionais, com recurso a questionários de autorrelato. Os
resultados mostram que, em média, os homens reclusos reportaram 5.21 (DP = 2.78)
experiências adversas na infância, com 74.3% a reportar quatro ou mais. A violência comunitária
(73.0%), a exposição à violência doméstica (60.0%) e o abuso físico (60.0%) foram as mais
reportadas. Quanto aos problemas de saúde mental, 33.7% dos homens preenchia critérios para
perturbação de stress pós-traumático e 15.8% de perturbação de stress pós-traumático complexo.
Foi encontrada uma comorbilidade elevada entre estas e outras perturbações (dissociação,
depressão, ansiedade, perturbações de sono. Um número maior de Experiências Adversas na
Infância está positivamente relacionado com sintomatologia mais elevada e mais diversa. Estes
resultados sugerem que a adversidade na infância desempenha um papel crucial no
desenvolvimento de sintomatologia traumática e comportamentos criminosos em homens presos,
sublinhando a importância de intervenções precoces e programas de reabilitação focados no
trauma.
Adversity throughout life and its implications have been widely studied in the field of
psychology due to its significant impact on individual development and behavior. Adverse
experiences, especially during childhood, constitute risk factors for the development of mental
health problems, continuous victimization, and the development of criminal trajectories. This study
aims to analyze the relationship between childhood adversity and traumatic symptoms in men
imprisoned for various types of crimes (e.g., domestic violence, sexual violence). The sample
consists of 101 offenders serving sentences in correctional facilities, predominantly of Portuguese
nationality (97%), with an average age of 45 years (M = 45.04, SD = 11.45). Data were collected
in person at the correctional facilities using self-report questionnaires. The results show that, on
average, the incarcerated men reported 5.21 (SD = 2.78) adverse childhood experiences, with
74.3% reporting four or more. Community violence (73.0%), exposure to domestic violence (60.0%),
and physical abuse (60.0%) were the most reported. Regarding mental health problems, 33.7% of
the men met the criteria for post-traumatic stress disorder, and 15.8% for complex post-traumatic
stress disorder. A high comorbidity was found between these and other disorders (dissociation,
depression, anxiety, sleep disorders). A higher number of Adverse Childhood Experiences is
positively related to more elevated and diverse symptoms. These results suggest that childhood
adversity plays a crucial role in the development of traumatic symptoms and criminal behaviors in
imprisoned men, highlighting the importance of early interventions and trauma-focused
rehabilitation programs.

Publicação

Ano de Publicação: 2024

Identificadores

ISSN: 203699572