Processamento emocional de faces, empatia, regulação emocional e vinculação em adolescentes institucionalizados
Gomes, Ana Sofia Silva
Thesis
Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica na Infância e Adolescência
A institucionalização pode impactar negativamente o desenvolvimento de competências socioemocionais,
principalmente na adolescência, que é um período desenvolvimental importante. Assim, este estudo
pretendeu analisar de que forma a experiência da institucionalização pode influenciar a empatia,
regulação emocional, perceção da relação de vinculação com pais e pares, comparando uma amostra
de adolescentes institucionalizados com uma a residir com a família de origem. Pretendeu-se também
verificar se as experiências de trauma nessa população se relacionam com o processamento emocional
de faces. Assim, procedeu-se à administração de alguns questionários e tarefas de processamento
emocional, uma explícita - Facial Expression Recognition Task (FERT) – e outra implícita – Continuous
Flash Suppression (CFS). Este estudo é composto 42 adolescentes (entre os 11 - 20 anos), sendo 19
institucionalizados e 22 da comunidade. Os resultados evidenciam que os adolescentes
institucionalizados, comparativamente ao controlo, relatam uma melhor perceção da comunicação com
os pares e mais experiências de trauma no geral, evidenciando-se diferenças mais concretamente nas
experiências de negligência e abuso, emocional e físico. Foi, ainda, demonstrado que mais experiências
de adversidade estão associadas com menor taxa de acertos na FERT. Estes resultados reforçam a
necessidade de perceber como as experiências precoces de institucionalização afetam o desenvolvimento
socioemocional dos adolescentes.
Institutionalization can have a negative impact on the development of socio-emotional skills, especially
during adolescence, which is an important developmental period. Therefore, this study aimed to analyse
how the experience of institutionalization can influence empathy, emotional regulation, perception of the
attachment relationship with parents and peers, comparing a sample of institutionalized adolescents with
a sample living with their family of origin. We also wanted to see if the experiences of trauma in this
population are related to the emotional processing of faces. Some questionnaires and emotional
processing tasks were administered, one explicit - Facial Expression Recognition Task (FERT) - and the
other implicit - Continuous Flash Suppression (CFS). This study consisted of 42 adolescents (aged
between 11 and 20), 19 institutionalized and 22 from the community. The results show that the
institutionalized adolescents, compared to the control group, report a better perception of communication
with peers and more experiences of trauma in general, with more specific differences in experiences of
neglect and abuse, both emotional and physical. It was also shown that more experiences of adversity
are associated with lower FERT scores. These results reinforce the need to understand how early
experiences of institutionalization affect the socio-emotional development of adolescents.