Psicofármacos na/e PHDA em crianças e jovens: o papel dos profissionais de saúde

A prevalência de diagnósticos de perturbação de hiperatividade e défice de atenção tem vindo
a aumentar a nível mundial. Apesar de as intervenções psicoterapêuticas e socioeducativas
constituírem o tratamento de primeira linha, o recurso a psicoestimulantes continua a ser uma
prática corrente. O impacto a longo prazo da sua associação a outro(s) psicofármaco(s) e do
seu consumo por períodos mais ou menos prolongados permanece desconhecido. Dada a
influência da prática clínica dos profissionais de saúde nestas questões, o presente estudo
analisa as suas perspetivas. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas a oito médicos de
diferentes especialidades e a oito psicólogos. Os participantes foram selecionados mediante
os métodos de amostragem não probabilísticos de conveniência e de snowball. Os dados
foram transcritos e analisados através da análise de conteúdo. Concluiu-se que a medicação
parece ser o recurso interventivo mais acessível, para os comportamentos das crianças e
jovens considerados problemáticos pelos agentes educativos. Às terapêuticas psicológicas é
reconhecido um papel eficaz, mas continuam a existir obstáculos para uma atuação eficiente
dos psicólogos.
The prevalence of diagnoses of attention deficit hyperactivity disorder has increased
worldwide. Although psychotherapeutic and socioeducational interventions are the first-line
treatment, the use of psychostimulants remains a common practice. The long-term impact of
its association with other psychiatric drug(s) and of its consumption for more or less prolonged
periods remains unknown. Given the influence of health professionals' clinical practice on
these issues, the present study analyzes their perspectives. Semi-structured interviews were
conducted with eight doctors of different specialties and eight psychologists. Participants
were selected using non-probabilistic sampling methods for convenience and snowball. The
data was transcribed and analyzed through content analysis. It was concluded that medication
seems to be the most accessible intervention resource for the behavior of children and young
people considered problematic by educational agents. Psychological therapies are recognized
as having an effective role, but there are still obstacles to an efficient performance by
psychologists.