Violência doméstica: significados em torno da intervenção em grupo com mulheres vítimas
Cunha, Alexandre Herculano da Conceição Soares da
Thesis
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia da Justiça)
No plano internacional, a intervenção em grupo é a modalidade terapêutica mais utilizada com
vítimas de violência conjugal Tutty, Bidgood e Rothery (1993). Não obstante, em Portugal, a
intervenção em grupo é muito recente e pouco comum.
Embora existam poucos estudos sobre a eficácia desta forma de intervenção (Lundy &
Grossman, 2001), os que existem apontam para um conjunto de ganhos que o grupo proporciona às
mulheres (e.g., competências pessoais, competências sociais, estratégias de coping) (e.g., Raynor &
Cantin, 1997, Cox & Stoltenberg, 1991).
Com o intuito de conhecermos melhor a experiência, os significados e o impacto deste
formato de intervenção terapêutica nas mulheres vítimas de violência conjugal, desenvolvemos uma
investigação qualitativa, tendo como metodologia de estudo a análise de conteúdo temática. A amostra
é constituída por 19 mulheres vítimas de violência conjugal, que beneficiaram de uma intervenção
psicoterapêutica em grupo, desenvolvida no âmbito do projeto Grupos de Ajuda Mútua (GAM),
dinamizado pela Universidade do Minho. Procedeu-se à recolha dos dados através de uma entrevista
semiestruturada e, posteriormente, o tratamento dos dados foi efetuado com o apoio do software
NVIVO8.
Os resultados permitem concluir que a intervenção em grupo tem um impacto positivo junto
das mulheres vítimas de violência conjugal. Na perspetiva das participantes esta modalidade
terapêutica concede um conjunto de vantagens, designadamente, maior suporte social, aumento do
bem-estar geral (e.g., diminuição de sintomas), maior apoio psicoemocional, desenvolvimento de
estratégias coping (e.g., resolução de problemas, tomada de decisão), partilha de experiência, aumento
do conhecimento sobre a violência conjugal (e.g., rompimento com a ideia de caso único, identificação
do ciclo da violência), entre outros ganhos que ajudam as vítimas a lidar melhor com o problema e os
seus efeitos.
Internationally, the group intervention is the most widely used treatment modality with victims
of domestic violence Tutty, Bidgood, and Rothery (1993). However, in Portugal, in the intervention
group is very recent and unusual.
Although there are few studies on the effectiveness of this form of intervention (Lundy &
Grossman, 2001), there are those who point to a set of gains that the group provides women (e.g.,
personal skills, social skills, coping strategies) (e.g., Raynor & Cantin, 1997, Cox & Stoltenberg,
1991).
In order to know better the experience, meanings, and impact of this form of therapeutic
intervention in women victims of domestic violence, we have developed a qualitative inquiry, with the
study methodology to thematic content analysis. The sample consists of 19 women victims of
domestic violence who received a therapeutic intervention group, developed under the project Self-
Help Groups (GAM), boosted by the University of Minho. Proceeded to collect data through a semi
structured interview and subsequently the processing was done with the support of software NVIVO8.
The results showed that the intervention group has a positive impact on women victims of
conjugal violence. In the perspective of the participants this therapeutic modality provides a number of
advantages, namely, greater social support, increased general well-being (e.g., decreased symptoms ),
more psycho-emotional support, developing coping strategies (e.g., problem solving, decision
making), sharing experience, increase knowledge about marital violence (e.g., break with the idea of a
single case, identification of violence cycle), among other gains that help victims cope better with the
problem and its effects.