Márcia da-Silva, Ana Rita Pereira, Adriana Sampaio, Joana Coutinho e Alberto J. González-Villar publicaram o artigo "The effects of C-tactile stimulation on temporal summation of second pain: A study of the central and peripheral neural correlates" na Brain Research.
O estudo revela que o toque afetivo, mediado por recetores especiais conhecidos como fibras C-tácteis (CT), pode ter um impacto significativo na forma como percebemos a dor. Essas fibras são sensíveis a toques suaves e lentos, e embora já se saiba que a sua ativação pode ajudar a reduzir a dor subjetiva, pouco se tem explorado sobre como elas influenciam a sensibilização central da dor.
A pesquisa envolveu 37 participantes que passaram por um protocolo de Somação Temporal da Segunda Dor (TSSP), um fenómeno onde a sensação de dor se intensifica após estímulos nocivos repetidos. Durante o estudo, os participantes foram submetidos a três condições diferentes: apenas TSSP, TSSP com estimulação vibrotáctil e TSSP com estimulação das fibras C-tácteis, usando um pincel montado num braço robótico.
Os participantes relataram um aumento da dor significativamente menor durante a estimulação CT em comparação com a vibrotáctil, mas não em relação ao TSSP isolado. Além disso, a resposta à dor foi reduzida quando a estimulação CT era aplicada no mesmo lado do corpo em que se sentia a dor, em comparação com outros tipos de estimulação. Outros dados também mostraram que a atenção dos participantes em relação aos estímulos dolorosos, a atividade elétrica no cérebro (medida pelo complexo N2-P2) e a frequência cardíaca foram todas reduzidas durante a estimulação CT.
Os resultados sugerem que ativar os recetores CT pode ajudar a diminuir a sensibilização da dor, possivelmente porque desvia a atenção da dor nociva. Assim, o toque afetivo pode ser uma ferramenta promissora para o alívio da dor.