Carreira e trabalho digno: conceções de coortes geracionais portuguesas
Barroso, Paula Cristina Freitas
Tese
Tese de doutoramento em Psicologia Aplicada
Várias organizações internacionais e nacionais estudam o trabalho digno, uma das metas da Agenda
2030 para o desenvolvimento sustentável. O trabalho digno é definido como trabalho produtivo para
todas as pessoas que queiram trabalhar. A psicologia vocacional e do desenvolvimento de carreira tem
dado contributos importantes à compreensão do trabalho digno. Neste âmbito, a Teoria da Psicologia do
Trabalhar, tendo como construto central o trabalho digno, identifica fatores pessoais e do contexto que
podem explicar as conceções sobre o trabalho digno, evidenciando que o acesso e manutenção de
trabalho digno tem impacto no bem-estar individual. Este estudo tem como objetivo analisar a
aplicabilidade da Teoria da Psicologia do Trabalhar na Geração X e na Geração Y, as gerações com maior
expressividade atual no mercado de trabalho português. Especificamente, pretende-se perceber como a
adaptabilidade de carreira, o envolvimento no trabalho, os valores básicos de vida e a satisfação com a
vida se relacionam com o trabalho digno. Participaram 452 pessoas da Geração Y (78,98% mulheres)
com idades entre 21 e 39 anos (M = 30.23; DP = 5.03), e 349 pessoas da Geração X (76,50% mulheres)
com idades entre 40 e 54 anos (M = 46.82; DP = 4.65), que responderam a um questionário
sociodemográfico, a Escala de Trabalho Digno, a Escala sobre a Adaptabilidade de Carreira, a Utrecht
Work Engagement Scale, o Questionário dos Valores Básicos e a Escala de Satisfação com a Vida.
Recorreu-se à análise de equações estruturais, especificamente, à análise de caminhos, para testar o
modelo estrutural original e um alternativo, bem como a sua invariância nas duas amostras geracionais.
Os resultados indicam que os valores básicos de vida e a adaptabilidade de carreira são preditores diretos
e indiretos do trabalho digno, respetivamente. O trabalho digno é preditor direto do envolvimento no
trabalho e, (in)direto, da satisfação com a vida. Verificou-se a invariância dos modelos nas duas coortes
geracionais. Discutem-se os resultados com base na teoria e nas suas implicações para a prática
psicológica. Apresentam-se as limitações e sugestões para investigações futuras. Conclui-se com a
importância do estudo para a literatura sobre o trabalho digno, os contributos para a prática psicológica
e as organizações ou instituições de interesse.
Several international and national organizations are studying decent work, one of the goals of the 2030
Agenda for Sustainable Development. Decent work is defined as productive work for all people who want
to work. Vocational and career development psychology has made important contributions to the
understanding of decent work. In this context, the Theory of Working Psychology, with decent work as a
central construct, identifies personal and contextual factors that can explain conceptions of decent work,
showing that access to and maintenance of decent work has an impact on individual well-being. This
study aims to analyse the applicability of the Theory of Working Psychology in Generation X and Generation
Y, the generations with more expressive currently in the Portuguese labour market. Specifically, we intend
to understand how career adaptability, work involvement, basic life values and life satisfaction relate to
decent work. Participants were 452 Generation Y individuals (78.98% female) aged 21 to 39 years (M =
30.23; SD = 5.03), and 349 Generation X individuals (76.50% female) aged 40 to 54 years (M = 46.82;
SD = 4.65), who answered a sociodemographic questionnaire, the Decent Work Scale, the Career
Adaptability Scale, the Utrecht Work Engagement Scale, the Basic Values Questionnaire, and the Life
Satisfaction Scale. Structural equation analyses, specifically path analysis, was used to test the original
and an alternative structural model and its invariance across the two generational samples. The results
indicate that basic life values and career adaptability are direct and indirect predictors of decent work,
respectively. Decent work is a direct predictor of work engagement and (in)direct predictor of life
satisfaction. Models were found to be invariant across the two generational cohorts. Results are discussed
based on theory and their implications for psychological practice. Limitations and suggestions for future
research are presented. It concludes with the importance of the study for the literature on decent work,
the contributions to psychological practice, and the organizations or institutions of interest.