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Vinculação, experiências adversas e trajetórias criminais: uma análise comparativa entre ofensores nas relações de intimidade e ofensores de outras tipologias de crime

Vinculação, experiências adversas e trajetórias criminais: uma análise comparativa entre ofensores nas relações de intimidade e ofensores de outras tipologias de crime

Sousa, Diogo Moreira

| 2024 | URI

Tese

Dissertação de mestrado em Psicologia da Justiça
Este estudo investiga a relação entre os tipos de vinculação na infância e idade adulta e as
experiências adversas em reclusos portugueses, com ênfase em ofensores detidos pelo crime de
violência doméstica ou homicídio conjugal, comparados com ofensores detidos por outros crimes, sem
história de violência doméstica. A amostra inclui 125 homens reclusos, divididos em dois grupos: 70
(56%) ofensores de violência nas relações de intimidade e 55 (44%) ofensores detidos por outras
tipologias de crime. A investigação visa compreender a relação entre experiências adversas e indicadores
de vinculação e a sua influência em comportamentos criminais específicos.
O estudo envolveu a recolha de dados presencial em estabelecimentos prisionais no Norte de
Portugal, através da aplicação de instrumentos psicométricos como a Escala de Memórias Precoces de
Calor e Segurança, a Escala de Memórias de Infância (EMBU), a Escala de Vinculação do Adulto e o
Questionário Internacional de Experiências Adversas na Infância (ACE-IQ).
Os resultados indicam que a maioria dos reclusos (n = 64; 59.8%) apresentava estilos de
vinculação inseguros. Em termos de experiências adversas, a exposição à violência doméstica e
comunitária, bem como o abuso físico e emocional, foram as mais prevalentes. Os dois grupos
diferenciaram-se significativamente nos estilos de vinculação. Os indivíduos do grupo de outros crimes
apresentaram maior prevalência de vinculação evitante. Por sua vez, os indivíduos do grupo VRI
apresentaram uma maior prevalência de vinculação ansiosa. As correlações entre experiências adversas
e indicadores de vinculação confirmam que uma infância marcada por adversidades está associada a
estilos de vinculação inseguros na idade adulta.
Este estudo sublinha a necessidade de intervenções precoces para mitigar os efeitos das
experiências adversas na infância, promovendo vínculos seguros e reduzindo a probabilidade de
comportamentos criminosos futuros. As políticas e práticas devem focar-se em fornecer suporte
emocional e educacional desde a infância, visando a prevenção da violência nas relações de intimidade
e outros crimes.
This study investigates the relationship between attachment types in childhood and adulthood
and adverse experiences among Portuguese inmates, with an emphasis on offenders detained for
domestic violence or intimate partner homicide, compared to offenders detained for other crimes without
a history of domestic violence. The sample includes 125 male inmates, divided into two groups: 70 (56%)
intimate relationship violence offenders and 55 (44%) offenders detained for other types of crime. The
research aims to understand the relationship between adverse experiences and attachment indicators
and their influence on specific criminal behaviors.
The study involved the collection of data in person at prison facilities in Northern Portugal, through
the application of psychometric instruments such as the Early Memories of Warmth and Safety Scale, the
My Childhood Memories Scale (EMBU), the Adult Attachment Scale, and the International Questionnaire
of Adverse Childhood Experiences (ACE-IQ).
The results indicate that the majority of inmates (n = 64; 59.8%) exhibited insecure attachment
styles. In terms of adverse experiences, exposure to domestic and community violence, as well as physical
and emotional abuse, were the most prevalent. The two groups differed significantly in attachment styles.
Individuals in the other crimes group showed a higher prevalence of avoidant attachment. In contrast,
individuals in the intimate relationship violence group showed a higher prevalence of anxious attachment.
Correlations between adverse experiences and attachment indicators confirm that a childhood marked
by adversities is associated with insecure attachment styles in adulthood.
This study highlights the need for early interventions to mitigate the effects of adverse childhood
experiences, promoting secure attachments and reducing the likelihood of future criminal behaviors.
Policies and practices should focus on providing emotional and educational support from childhood,
aiming to prevent intimate relationship violence and other crimes.

Publicação

Ano de Publicação: 2024

Identificadores

ISSN: 203698274