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Jogo simbólico: efeito do género e da fratria

Jogo simbólico: efeito do género e da fratria

Cerqueira, Bárbara Filipa Carvalho

| 2012 | URI

Tese

Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia Clinica)
O jogo simbólico ou jogo do “faz-de-conta” consiste na capacidade de a criança
transformar um objeto em outro, não relacionado com o primeiro, ou de recriar ações que se
realizaram no quotidiano, dando-lhe uma resolução diferente (Piaget & Inhelder, 1979).
Durante os primeiros anos de vida, a criança usa o jogo simbólico “a solo” e brinca
sozinha sem o auxílio dos outros, o que é importante para o seu desenvolvimento cognitivo
(Stambak & Sinclair, 1993). A partir de 1 e até aos 2 ½ anos, a criança começa a brincar com os
pares e é capaz de construir cenários para o fazer e também pode construí-los com a sugestão de
um adulto, irmão ou par (Howes, Unger, & Matheson, 1992a). Com o desenvolvimento da
criança, o jogo simbólico torna-se mais complexo, principalmente se a mesma for interagindo
com as crianças mais velhas ou com adultos. Os irmãos mais velhos ensinam, e assumem, o
papel de líder, nos primeiros anos de vida do irmão mais novo.
A presente investigação tem dois objetivos principais: por um lado, explorar a existência
de diferenças de género, no jogo simbólico; por outro, avaliar se o desempenho, na tarefa do
jogo simbólico, se relaciona ou não com a existência de irmãos. Este estudo foi realizado com
crianças de idades compreendidas entre os 36 e os 40 meses. Num primeiro momento,
pretendeu avaliar-se a capacidade para a realização do “faz-de-conta” “a solo” e a
familiarização com os objetos expostos (Meins, Fernyhough, Russell, & Clark-Carter, 1998).
De seguida, pretendeu testar-se a capacidade de representar simbolicamente os objetos, através
de uma instrução dada pelo investigador (ex., capacidade de transformar um objeto em outro
através do “faz-de-conta”).
Nos resultados, não foram encontradas diferenças em função do género; da existência de
irmãos; e se o irmão é mais novo ou mais velho, no jogo simbólico a “solo” e colaborativo.
A inexistência de diferenças em função do género está relacionada com os materiais
utilizados na investigação e os modos de transformação simbólica. Em relação à ausência de
diferenças entre crianças com e sem irmãos, há o facto de as crianças sem irmãos serem
estimuladas para um jogo mais complexo, no jardim de infância, pelos pares mais velhos, pais e
outros adultos.
Symbolic play can also be designated “make-believe” and consists in the capacity to
transform an object into another, without relations with the first one. This concept also applies
when a child recreates actions that happen in the daily life, given them another solutions (Piaget
& Inhelder, 1979).
During the first years of life, the child uses “solo” symbolic play, play alone without the
help of others, what is important for cognitive development (Stambak & Sinclair, 1993). From 1
to 2 ½ years of age, the child begins to play with peers and is capable to construct scenes to do
so, or by the suggestion of an adult, brother or peer (Howes et al., 1992a). As the child‟s grows
older, the symbolic play is more complex, if the child is stimulated in interactions with older
peers and adults. Older siblings have an important paper in cognitive development of the child
as in the first years of life, they normally assume the role of a leader in the first years of life of
the younger brother.
Within this framework, the present study was carried out with two main purposes: aimed
at investigating the gender influences on symbolic play and exploring if the children with or
without siblings had differences performance in symbolic play. The study was conducted with
children aged 36 to 40 months of age. At first moment, children were assessed in their solitary
symbolic play abilities though their performance at play with provided objects (Meins et al.,
1998). Assessing the capacity of representing objects symbolically with the instruction of the
investigator (e.g. capacity to transform an object into another through pretend play).
Results did not show evidence of gender or sibling effects.

Publicação

Ano de Publicação: 2012