A interface trabalho-família em contexto de teletrabalho
Loureiro, Ema Grenha
Tese
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia
A pandemia COVID-19 transformou o ambiente de trabalho de forma significativa e várias
organizações começaram a adotar o teletrabalho como modelo de trabalho permanente. Esta transição
trouxe vários desafios associados ao equilíbrio entre trabalho e família. Este estudo teve como objetivo
analisar o impacto do teletrabalho e respetivas características na interface trabalho-família, nomeadamente
ao nível do conflito e do enriquecimento trabalho-família. Através de um questionário online, participaram
236 trabalhadores em teletrabalho, maioritariamente da área das Tecnologias de Informação. Os resultados
demonstraram que a maioria dos participantes nunca tinha realizado teletrabalho antes da pandemia. Não
se verificaram diferenças no conflito e no enriquecimento trabalho-família para os diferentes regimes de
teletrabalho. O estado civil, a existência de filhos e de um espaço isolado em casa para trabalhar foram
variáveis relevantes para explicar o conflito percecionado. A autonomia do trabalhador demonstrou uma
correlação significativa com o enriquecimento trabalho-família. O teletrabalho parece oferecer maior
flexibilidade para os trabalhadores gerirem a suas tarefas profissionais e pessoais. Os resultados contribuem
para aumentar o conhecimento e permitir o desenvolvimento de boas práticas nas organizações, aliadas
aos desafios e necessidades dos trabalhadores e famílias.
The COVID-19 pandemic has transformed the work environment significantly and several
organizations have started to adopt teleworking as a permanent working model. This transition has brought
several challenges associated with work-family balance. This study aimed to analyze the impact of telework
and its characteristics on the work-family interface, namely at the level of work-family conflict and work-family
enrichment. Through an online questionnaire, 236 people in telework participated in this study, mostly from
the Information Technology sector. The results showed that most participants had never teleworked before
the pandemic. There were no differences in work-family conflict and enrichment for the different telework
types. Marital status, the existence of children and an isolated space at home to work were relevant variables
to explain the perceived conflict. Worker autonomy showed a significant correlation with work-family
enrichment. Telework appears to offer greater flexibility for employees to manage their professional and
personal tasks. The results contribute to increasing the knowledge and enable the development of strategies
and good practices in organizations based on the challenges and needs of workers and their families.